Pesquisas coordenadas por instituições governamentais e não governamentais tem revelado que a composição populacional brasileira já não tem mais o desenho de uma pirâmide, onde prevaleciam crianças e jovens. Por estar vivendo mais, tem aumentado o número de brasileiros com idades mais avançadas, por conta disto que a pirâmide populacional vai se tornando o desenho de um quadrado, onde o número de crianças e jovens quase que se iguala ao de adultos e idosos.
Os idosos eram normalmente um grupo que ficava à margem dos acontecimentos da sociedade, até mesmo sofrendo discriminação, mas ultimamente tem se mostrado mais presentes. Este protagonismo social também tem sido assumido por outros grupos, que nem sempre são minorias sociais, mas que também sofrem discriminação dentro da sociedade, como as mulheres; negros; índios; minorias étnicas; GLBT’s – Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis; crianças e adolescentes; moradores de rua; religiões de matriz africana, assim como, teriam outros exemplos. Com o avanço da sociedade e as mudanças que a acompanham de caráter comportamental, educacional, filosófico e ético, todos estes setores, do mesmo que as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, têm estado mais presente no meio social. Essas mudanças estruturais pela qual passa a nossa sociedade exigem que novas medidas sejam tomadas, que garantam a inclusão social e melhorem a qualidade de vida destes setores da população, como alternativas de trabalho, novas políticas de saúde, educação, turismo e a garantia da Acessibilidade Universal no meio físico, sobretudo nos espaços de uso coletivo de nossas cidades.

O Brasil tem cerca de 2 milhões de usuários de cadeiras de rodas, só que paradoxalmente, inexiste uma rede infraestrutural que permita a mobilidade e o acesso dessas pessoas nos espaços urbanos e públicos. No entanto, as barreiras arquitetônicas não atingem somente os cadeirantes – usuários de cadeiras de rodas – mas uma universalidade de outras pessoas, como os deficientes visuais, idosos, gestantes, pessoas com baixa estatura, obesos e outras pessoas com mobilidade reduzida. Por consequência disto, que os problemas das barreiras arquitetônicas em nossas cidades se tornam amplos, devendo ser pensadas soluções universais, desta constatação que nasce o conceito de Acessibilidade Universal, ou seja, a procura de ao máximo se garantir o livre acesso e o deslocamento de todos!
No entanto, a Acessibilidade Universal não é somente o deslocamento de um ser humano, também é garantir o acesso à educação, ao lazer, à cultura, enfim, à cidadania. Na história da humanidade, em sua evolução, temos avanços e retrocessos sociais, por isto, que sempre devemos reforçar e assegurar a construção de uma sociedade para todos, onde a inclusão social e o respeito pela diversidade humana com a promoção do Acesso Universal sejam paradigmáticos.
As cidades brasileiras estão cheias de “armadilhas arquitetônicas”, que são invisíveis para boa parte da população, mesmo para quem não enfrenta dificuldades de mobilidade. Podemos citar como as mais comuns, os cordões de calçadas que não possuem espaços com rebaixos, que impedem a circulação de cadeiras de rodas ou então, dificultam a passagem de quem precisa do auxílio de muletas. Assim como espaços públicos e equipamentos onde pessoas obesas ou com deficiência visual sentem-se desconfortáveis. Muitos outros casos podem ser citados, como rampas e faixas de pedestres que não oferecem segurança alguma, sem contar o mobiliário urbano – iluminação pública, sinalização de ruas, semáforos, lixeiras, caixas de correio, telefones públicos – disposto de maneira aleatória que se tornam verdadeiros obstáculos. Perante isto, que é preciso criar alternativas para escadas, calçadas, transportes, acessos e mobiliário urbano. Embora a situação aos poucos já comece a se alterar, ainda são poucas as iniciativas de imóveis com rampas; elevadores e semáforos com acionadores sonoros e em braile; pisos antiderrapantes; portas com o vão livre maior e fechaduras acessíveis e até cadeiras maiores, para os obesos, em um auditório, por exemplo.

Segundo nos explica a arquiteta e urbanista Sandra Fagundes Fernandino, diretora adjunta do laboratório Adaptse, ligado ao Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): “Design universal significa um objeto ou ambiente elaborado para a diversidade humana, considerando os diferentes tipos de dificuldades, sejam elas físicas, motoras ou mentais“. É preciso buscar incutir na sociedade, no poder público e, principalmente, entre os profissionais de engenharia e arquitetura um novo conceito de acessibilidade, o de Acessibilidade Universal.
Já o arquiteto e professor Marcelo Pinto Guimarães, coordenador do laboratório Adaptse, certifica que a adoção do design universal é “o primeiro passo para mudanças culturais que levariam a uma sociedade realmente inclusiva“. Isso inclui simples detalhes, como a maçaneta de uma porta, que quando em forma de alavanca, preserva um grande esforço para pessoas que não possuem mão, ou então, àquelas que não possuem coordenação motora ou força suficiente para girar uma maçaneta redonda.

Recentemente, no começo da década de 90, com o aumento da luta e da organização da sociedade em entidades representativas, que trabalham com as Pessoas com Deficiências ou mesmo ações individuais, tem mostrado à sociedade a importância de uma legislação que contemple o livre acesso de todos. No caso de Porto Alegre tivemos em 6 de julho de 2005, a criação da Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social – Seacis. Entretanto, muita coisa ainda precisa ser melhorada, adaptada e até mesmo refeita, não apenas no âmbito físico, como também mudanças de cunho comportamental, filosófico e ético. Um exemplo desta afirmação foi a extrema dificuldade da recente aprovação, (dia 05 de março de 2015), do Estatuto do Deficiente, pois setores conservadores se mostraram contra em razão da oposição imposta pela bancada evangélica, em relação à identidade de gênero e à orientação sexual, nos serviços de saúde destinados às pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência foi aprovada com 187 votos a favor e 174 contra.

O Arquiteto Luís Chico Vargas, teve um acidente automobilístico, que o deixou em coma temporário. Ele esteve em assistência fisioterápica, com a Fisioterapeuta Denise Pradella, que também tem a formação de Terapeuta Ocupacional. Preocupada com a reabilitação integral do Luís, foi que a Denise apresentou para ele resolver, um desafio profissional. O projeto de uma mesa que servisse para o suporte de um microcomputador, cuja a usuária era uma jovem cadeirante, que sofreu uma lesão medular, em decorrência de um acidente automobilístico. Luís aceitou o desfio e projetou o design da mesa. Para isto teve que conversar com a jovem a que o móvel se destina, conhecer seus hábitos e as limitações, a que ela está sujeita. Elaborando o projeto de acordo com as necessidades ergométricas, as dimensões da cadeira de rodas, da área de transferência, das limitações e alcance da usuária da mesa.
Foi a partir deste trabalho, que percebemos com mais clareza, o papel que arquitetura, o urbanismo e o design podem desempenhar pela inclusão social. Sendo que a acessibilidade e o desenho universal assumem um papel de destaque de fundamental importância. E foi a partir disto, que juntamente com o Arquiteto e Designer Paulo Brum, que foi criada a LIVRE ACESSO – ARQUITETURA E DESIGN INCLUSIVOS, que tem como objetivo, elaborar, realizar e desenvolver projetos e consultorias em acessibilidade. Projetando e elaborando espaços arquitetônicos, externos e internos, no urbanismo, no design gráfico, de mobiliário e de sinalização.

Para formatar esta ideia, estamos realizando uma pesquisa sobre o assunto, para agregarmos conhecimento e informação, sobretudo através da internet, em sites relacionados ao tema, fazendo contato com instituições, e com outros profissionais do campo da construção civil, saúde, design, etc, e participando de simpósios, congressos, etc, relacionados ao tema.
(*) A elaboração deste texto contou com a participação do Arquiteto Paulo Gerse Brum. Para contatar a Livre Acesso: luischico@cpovo.net (Arquiteto Luís Chico Vargas) ou paulo@tramadesign.com.br (Arquiteto Paulo Gerse Brum) .