Eles saíram de casa empunhando cartazes, força de vontade, coragem e algumas ilusões. São jovens que experimentam a euforia de ser responsável pelo mundo, de se mostrar dono de seu pedaço. Ontem, quinta-feira, estavam por todo canto do país, nas capitais e cidades de interior, nos bairros, nas universidades, na capital do país, no espelho d’água, em frente aos monumentos e dentro deles, enfim, por toda parte. Foram milhares de participantes dessa copa que a FIFA não esperava tanta participação popular.
A Internet, antes acusada de separar as pessoas, reuniu essa enorme massa de jovens que sinalizam a incerteza de um futuro, a lógica do sofrimento, a falta de assistência, o desrespeito. “O povo brasileiro é muito passivo, pacífico”, isso acabou.
Os homens e mulheres que estão cansados de lutar em vão assinam o movimento que contém ideologia sem partido, grupo sem nome, sonhos perdidos… chegamos ao tempo de revisão. É premente que sejam reformulados os partidos, as instituições, públicas e privadas, a relação com o Estado.
Assisti a um vídeo de uma jovem que demonstra uma vontade enorme de mudar esse país, mas que também revela cansaço, diante de tanta violência. Ainda é cedo para desistir. A violência não é matéria simples de se entender, há nela muita urgência, há muita gente desassistida, apesar de programas de correção existentes… não estou aqui justificando os atos de destruição, temos que exigir punição, fazer a Lei vigorar, a Lei, dentro de suas atribuições com respeito aos direitos de todos, porém, é uma forma de confidência de uma revolta guardada nas filas de hospitais, nas portas de escolas, nas delegacias, na porta de todas as casas.
Minha sobrinha disse: “Sobre a manifestação…. sentimento de que perdi.” A violência, de fato, faz efeito imediato: a opressão. Sobre ela, temos extensa história, foram anos e anos. Há quem não concorde, mas a liberdade é posta à prova diariamente, por isso, é luta diária. Quer um motivo pra continuar? Lembre-se de que são bilhões, por ano, desviados pela corrupção. Já imaginou esses bilhões aplicados nas reformas de que precisamos… E aí, vai desistir? Ainda é cedo.
Foto: Juliano Verardi