Quem entra em redes sociais quer, obviamente, ampliar os relacionamentos, mas, não deveríamos ser mais seletivos? Por maior que seja o desagrado imposto aos insistentes, é um direito individual estabelecer categorias entre os participantes (aliás, não há alcance em grupos ilimitados, e nada de hipocrisias aí, somos bastante restritos em nossas intimidades, caso contrário, a vida torna-se um estorvo – os famosos têm plena consciência disto). Considero, portanto, importante recuperar ao menos um mínimo de etiqueta. Caretice? Um método de dinossauro? Quem (atire a primeira pedra) não viveu o constrangimento de decidir por um bloqueio? Imagina só, excluir um parente ou um conhecido, destes que, por acidente biológico ou por acaso social, transitaram em nossas vidas? Queremos, afinal, compartilhar o que pensamos com todos? É até uma questão de respeito, considero.
Nada melhor do que comparar estes relacionamentos virtuais com um cenário de festa. Não somos obrigados a estabelecer vínculos com todos os presentes; seria deselegante demais forçar conversações com desconhecidos. Muito diferente dos anfitriões, estes, sim, precisam equalizar o nível, afinal de contas, dedicaram-se com esmero para montar a lista de convidados.
Seria possível, no entanto, subverter a ordem das mesas e aproximar-se em surpresa? Há duas situações, uma terceira é um tanto indiscreta (porém, é presente): a primeira é a honra de sermos apresentados pelos anfitriões, a segunda é quando, lá pelas tantas, um evento qualquer permite convergir os interesses. A terceira situação? Bem, ela é indiscreta porque pertencente aos bastidores, se declarada, torna-se um escândalo. O mundo real serve-nos de analogia. Em nada difere do virtual.
E vamos às redes. Repentinamente, recebemos a solicitação de uma nova amizade, é um tanto constrangedor recusar pedidos, afinal, novos relacionamentos acontecem exatamente devido a afinidades. E vai por aí, até o momento em que a listagem, já monstra, deixa-nos perdidos: quem é o dito cujo que curtiu ou compartilhou? Quem é que interpela em comentários? Voltemos à festa. Elas são ótimas para a gente avaliar o humano demasiado humano, Nietzsche que me desculpe.
Se entrarmos em uma roda sem a certeza da boa recepção, teremos problemas. Claro que os interesses podem ser fugazes, algumas coincidências, uma passageira aproximação de repertórios. Estarei acaso destacando absurdos? Ora, negar isto é omitir os critérios que nos guiam nos relacionamentos, por que seriam de outro modo no mundo digital? Uma rede extensa torna um tanto difícil determinar a qual grupo pertencemos. O certo mesmo seria considerar, poucos de nós o fazem, as amizades por categorias, grupos que deveriam ler umas e não outras ideias, daí porque as atualizações do mural deveriam nem sempre públicas.
A tempo; destaco que o relacionamento com os profissionais do Portal Meu Bairro começou pelas redes sociais, tais como alguns dos mais recentes amigos, portanto, as redes têm sim muito a contribuir, mas os critérios, como na mundo real, são imprescindíveis.
Nilo, gostei da abertura desse debate tão importante. Pra mim, é imprescindível que se fale mais sobre o tema, pois ele nos revela enquanto humanos em sociedade. Mas tem um aspecto que coloco também em debate: o silêncio. Simplesmente tenho me silenciado diante de postagens e comentários sem uma base argumentativa relevante, ignoro e pronto… Pensemos sobre o que os outros falam, esbravejam por aí… abs