Amar exige cuidado, requer atenção. Muito além do gostar, o cuidado perante o amor surge também por sabê-lo falível. Não existem contratos ou juras que o torne eterno. Inexiste controle, segurança, prazo de validade. Num vacilo, mero descuido, a qualquer hora, em qualquer esquina o amor é capaz de pedir as contas e solicitar pagamento à vista, embora a dor venha parcelada e nem sempre chegue até nós em suaves prestações.
É como a vida. A certeza da morte treina a coragem. A possibilidade da perda ensina a humildade. Assim como é imprescindível viver como quem sabe que um dia irá morrer, é importante amar contando com o risco de que o sentimento possa acabar, o risco serve de norte para nosso comportamento.
Antes que o amor acabe, lembre de falar para ela o tanto que a sua presença significa a você, diga como o seu sorriso ilumina seus dias tristes e o quanto a sua risada é capaz de preencher qualquer solidão. Fala pra ela sobre o seu cheiro, a maciez da pele contra a sua, da textura dos lábios, a leveza da alegria. Vale contar também o jeito que você ficou depois que a conheceu, confesse o medo de perdê-la, talvez ela se sinta mais amada.
Antes que o amor acabe, torço para que diga a ele o quanto gosta quando acaricia seu rosto formando conchas com as mãos, que adora e fica satisfeita quando ele a escuta com atenção. Fala do frio na barriga que sente toda vez que ele se aproxima e de como suas pernas tremeram a primeira vez que provou do seu beijo. Ele vai saber-se especial e é só isso o que importa – ou tudo isso.
Antes que o amor acabe, ofereça sua cumplicidade diária como presente, seu peito como travesseiro, seu abraço como casaco, disponha parte da sua vida para ser compartilhada, diga o quanto se sente vivo por estarem próximos. Não espere pelo fim para lastimar o que deixou de dizer ou viver junto a ela ou experimentar com ele. Mesmo que o amor não acabe, a vida cedo ou tarde termina. A consciência da finitude é capaz de intensificar nossas experiências.