Muita gente associa o amor ao tempo. Ouvimos dizer que só amamos depois de conhecer muito bem a outra pessoa. Alguns ainda alegam que só podemos afirmar finalmente que amamos, depois de um período razoável de convivência.
Confesso que eu costumava pensar assim.
Mas usando um pouco a matemática, eu diria que o amor não é proporcional à parcela de conhecimento que se tem do outro. Afinal de contas, mal conhecemos a nós mesmos, quanto mais o próximo. O fato é que sempre estamos medindo a intensidade do amor.
Sendo assim, somos condicionados a organizar nossos sentimentos em circunstância da hierarquia criada para eles. Primeiro interesse, depois adoração, depois o gostar muito para finalmente amar. Um padrão aonde o amor vem em último lugar, um limite imposto como se ele fosse o ápice do que se pode ser sentir. Entretanto o amor, com todas as suas particularidades, vêm em primeiro lugar, porque involuntariamente, procuramos o tempo todo algo para amar nas pessoas que nos cercam. Na verdade, ele é acadêmico, porque depois do tempo e da convivência passa a ser um sentimento com graduação superior esperando para ser nomeado.
Acredito que “eu te amo” pode ser como “bom dia” sim, fácil de falar, falado sempre. A diferença está na sinceridade do que está sendo dito. Quando somos sinceros o nome das pessoas que amamos fica seguro na nossa boca. Muda o meu dia um bom dia espontâneo e sincero assim como muda o meu dia um eu te amo equivalente. Amar é puramente oferecer o que você tem de bom à alguém e proteger o que ela lhe dá ou já deu de volta.
Então digo àqueles que argumentam: não conhecer plenamente não é um impedimento para amar o que se conhece, porque no fim das contas, o amor não é uma escolha, é um acontecimento.