Carregamos conosco nossa própria história. Memórias e lembranças dos caminhos percorridos, dos tropeços e buracos, das flores colhidas, das belas paisagens e das curvas deixadas para trás. A sensação de cada momento vivido é única e todas elas somadas constroem nossa trajetória.
Acumulamos histórias à medida que envelhecemos e grande parte dos idosos sente vontade e prazer de contá-las aos mais jovens como forma de compartilhar instantes que jamais ficarão esquecidos. Entre os atendimentos de hoje de manhã, uma senhora, muito falante, sentou-se a minha frente e com um cafezinho na mão começou a me contar do seu passeio de verão na praia. Ao mesmo tempo em que falava como é deslumbrante estar frente a frente com o mar, comparava e lembrava-se da sua primeira vez com os pés na areia.
Contava das mudanças que os anos trazem, de como existiam mais prédios e lojas em todo o litoral. Da pouca roupa (vergonha) usada pelas mulheres de hoje. “Como podem usar um fiozinho? Meu pai nunca deixou.” E assim seguiu falando, com brilho nos olhos como se estivesse passando um flash back em sua cabeça, descrevendo os dois passeios com detalhes e carinho.
O que me chamou a atenção foi a quantidade de sentimento que aquela senhora de 79 anos expressava durante aqueles minutos. Saudade, satisfação e principalmente felicidade em ter vivido, em lembrar, em repetir e em poder contar a alguém os seus passeios.
É uma pena que muitas pessoas não estimulem e não tenham paciência para escutar o que os idosos têm a contar. Esse tipo de abertura faz com que o idoso, além de se sentir alegre por ter alguém lhe dando atenção, estimule sua memória. A perda da memória na terceira idade esta associada com determinadas doenças neurológicas, com distúrbios psicológicos, com problemas metabólicos e também com intoxicações.
Estimular a atividade intelectual através de conversas, dormir bem, optar por uma dieta rica em vitaminas do complexo B (espinafre e brócolis) e ricas em Omega-3 (peixe e linhaça) são maneiras de fazer com que o cérebro trabalhe bem durante toda a vida. Ser ouvinte por alguns minutos auxilia nesse estimulo e mostra o respeito que todos devem ter por cada cabelo branco que traz consigo quilômetros de historias, vivências, lutas e vitórias.