A Caixa Econômica Federal divulgou hoje o total de crédito imobiliário liberado até setembro deste ano. O volume atingiu R$ 100,1 Bilhões.No ano passado, para o mesmo período, este valor foi de R$ 74 Bilhões, temos então, até agora, R$ 35 Bilhões de reais a mais no mercado. O montante liberado divulgado até o momento é praticamente igual a todo o valor liberado em 2012. Portanto, não se impressione se os preços dos imóveis seguirem subindo, pelo menos no próximo semestre. Ainda. A expectativa da Caixa é de sejam liberados mais R$ 30 Bilhões nos 3 meses restantes de 2013.
Até 27 de setembro deste ano foram fechados em média 5,6 mil contratos de empréstimo para compra ou construção de imóveis por dia. Sim, POR DIA. Isso é impressionante. Outro dado interessante é a mudança no perfil etário do comprador, em 57% dos contratos assinados os clientes tinham menos de 35 anos, fenômeno até então inédito no mercado nacional.
Mesmo com todo este volume a Caixa ainda representa apenas 40% do total do crédito imobiliário no país. Esse é mais um indicador que demanda alerta. Caso a Caixa siga expandindo o volume de crédito e aumentando a sua participação no mercado, não adiantará muito ‘espernear’, a tendência dos preços seguirá em alta.
Em julho também escrevi sobre a questão dos imóveis. Como o formato da coluna web ‘exige’ um texto mais direto, alguns temas mais complexos ficam carentes de argumentos cruciais para o entendimento. Foi o que aconteceu neste texto de julho. Nele, ficou evidenciado qual o impacto do “dinheiro novo” nos preços, mas quase não abordei os indicadores contrários, ou seja, o que faz com que os preços caíam.
Complementando.
Discordo de boa parte dos textos do Ricardo Amorim, mas sobre o mercado imobiliário ele fez uma excelente pesquisa (aqui), buscando o histórico de parte significativa de todas as bolhas imobiliárias nos últimos anos. Alguns dados da sua pesquisa são bem interessantes, se é de seu interesse sugiro a leitura na integra do artigo indicado acima. Especificamente sobre o crédito ele diz que:
“No Brasil, apesar do crescimento dos últimos anos, ele (crédito) ainda é de apenas 7% do PIB, muito distante dos 50% do PIB que costuma ser o mínimo quando bolhas imobiliárias estouram. Mesmo considerando-se uma expansão ao ritmo dos dois últimos anos, que foi de 1,4% do PIB ao ano, o mais rápido da nossa história, levaríamos mais de 30 anos para chegar a 50% do PIB.”
Outros indicadores são o comprometimento da renda com o valor das parcelas e o índice de inadimplência (hoje no Brasil menos de 4% de todos os contratos estão com mais de 3 meses em atraso). Fique de olho, leia a respeito, mas não esqueça: em economias que o governo cria dinheiro do nada, a nossa ‘memória de preços’ mais atrapalha do que ajuda.