Não sei quando será o auge da parte do delírio, mas creio que o ápice do meu pânico em Nova York aconteceu nessa semana. Inclusive, até o momento não tinha sentido ainda, pois a viagem de avião foi relativamente tranquila (se comparado com o que eu esperava) e o dia a dia aqui é muito divertido. Ou seja, nada de pânico. Até essa semana…
Minha vida em Nova York estava 100% sob controle até que… começaram as aulas! Sim, na última segunda-feira foi feriado (dia do trabalho) e, assim como no Brasil dizem que as coisas só começam depois do carnaval, aqui dizem que o troço só funciona depois do dia do trabalho. Então, na terça-feira tive a minha primeira aula, com o professor Rodney Benson (meu co-orientador na NYU). Bom, já tinha conhecido ele outro dia, então, cheguei lá e me juntei aos outros alunos. Bom, quem leu meus textos antes da viagem sabe que meu inglês não é grande coisa, ou seja, consigo entender relativamente bem o que falam e tenho algumas dificuldades na fala. Logo no início da aula o professor me apresentou para a turma como um estudante brasileiro que está pesquisando aqui, etc. A aula começou (eles mantém a tradição do palanquezinho do professor) e, lá pelas tantas, veio o tradicional (cada um se apresenta). Até aí tudo bem, mas o problema é que todo mundo tava falando pra cacete. Caralho, eu fiquei bolando o que falaria, e enquanto os outros falavam cerca de cinco minutos, e fluentemente e com muita rapidez, a minha fala não durava… um minuto! Então olhei para a porta e pensei em fazer o mesmo que o Joey, do Friends, fez uma vez, em que um professor pediu para ele mostrar aos outros como se dançava como um profissional. Ele contou “1, 2 e …” no 3 saiu correndo porta afora. Bom, óbvio que não poderia fazer isso, então, tive que respirar fundo e encarar. No fim, minha fala não saiu nenhuma Brastemp, mas me deram um desconto por eu ser brasileiro… E acho que também por ter outros alunos de outros países (tenho um colega do Afeganistão!) e entendem a minha situação.
Bom, isso foi na segunda, e na quinta-feira tive a outra aula, dessa vez com o Robert Boynton, possivelmente um dos pesquisadores e autores sobre jornalismo literário mais importantes do mundo. Ele eu conheci antes da aula e tive uma ótima surpresa: ele é totalmente receptível, conversou, contou do final de semana com a família na praia, etc. Também me apresentou para a turma de forma descontraída e se mostrou muito solícito com tudo o que eu precisar aqui. Mas, a exemplo do que ocorreu na segunda-feira, chegou a hora do pânico da apresentação. Em primeiro lugar, eu não gosto desses momentos nem quando é em português, no Brasil. Sempre falo pouco. Mas aqui, essa americanada toda fala pracaraí. Dessa vez, talvez por já esperar isso, acabei me saindo um pouco melhor (consegui soltar mais a língua e os alunos se mostraram interessados – acho que também porque o meu projeto tem mais a ver com a disciplina do professor Boynton). Mas enfim, o fato é que isso tudo me consumiu, e, agora, eu tenho uma porrada de textos para ler (e, como em todo o seminário de mestrado e doutorado que se preze, também tenho que participar falando, ora pois).
Para amenizar um pouco tudo isso, semana que vem começam minhas aulas de inglês, que vão ser todas as manhãs, de segunda à sexta, até o final de novembro. O lado bom é que cada vez mais vou soltando o verbo, e o outro lado é que vou ficar cansado pra c*****. Mas, dos males o menor. Hoje, sexta-feira, tenho o meu único dia de folga nessa semana, então, pretendo seguir a minha rota turística em NY. A sorte é que ando bastante de metrô, então, terei tempo para ler tudo até a próxima segunda feira (assim espero).
Bom, por hoje é isso. E quando sair o momento do delírio, eu prometo contar aqui também (se não houver censura).
Hasta!
Nota da editora: deixa de ser chato, Ritter. Tô até achando essa tua viagem muito “peace and love”. Tá te faltando Bukowski!