Mariana me ligou, uma amiga de muito tempo, perguntando se eu não faria uma crônica sobre amor. “Isso é um grande desafio”! Sentenciou. A conversa prosseguiu. Lembramos de viagens, almoços, filmes a que assistimos juntos e, obviamente, dos relacionamentos que tivemos, cada um em sua história. Nosso amor é latente, mas sem realizações. O dia seguiu e nada de crônica.
Será medo de amar? Ou do amor? Mariana tinha me dado algumas dicas e o entrave aconteceu mesmo assim. Sabemos que o tema é onipresente, mas esbarramos na incapacidade de se tratar dele com originalidade. Há tantos poemas geniais!!! Será que me falta a lua para inspiração?
[“O amor é um grande laço/ um passo pr’uma armadilha/um lobo correndo em círculo/Pra alimentar a matilha…”; (Djavan)
“Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade” (Vinícius de Moraes)]
E nada!!! Penso em pessoas incríveis que escreveram e amaram, todas com suas histórias, mas escrever uma crônica é angustiante. O dia a dia de quem ama é regado de emoções que nem sempre são explicáveis. O amor revigora, reinicia, transforma, configura, mas saber dele é tentar aprisiona-lo e o amor é livre.
Mariana não vai gostar dessa crônica, já sei que as críticas serão das mais amorosas, mas não darão conta também do amor que anda por aí. Às vezes, Mariana dizia: “Estou apaixonada por esse filme” e desse comentário, discutíamos da diferença entre amar e apaixonar-se. Parece-me que apaixonar-se tem prazo de validade,e amar, não. Sei lá!
Diariamente eu amo! É isso! Diariamente vejo morrer e nascer o amor. Ele tem tudo para acontecer e tudo para terminar, afinal amo essencialmente gente, e gente, vamos considerar, é tudo isso: nasce e morre todo dia.
Dizemos para os filhos que os amamos e isso é verdade, esse é o único amor de que tenho muita certeza, mas falar de amor em crônica, não dou conta…
Mariana, peço desculpas, mas recorro a Gilberto Gil, ele diz: “O amor é tudo que move”. É isso!!! É isso!!! Fico por aqui, amando quem me acompanha com amor! Mas crônica sobre amor, não sei não…