Produção textual em parceria com Leonardo Armesto
Ela observa ao seu redor e sente o peso de uma longa vida, embora não tenha chegado aos trinta anos. Ela assiste um dia de cada vez, não sabe ao certo o que será do seu caminho.
A bondade muitas vezes incompreendida lhe transborda o coração. Outras vezes, sorri mesmo aos pedaços por dentro; ela sabe como poucos o valor de um sorriso para àqueles que sofrem. Ela se esquece de si, dá o melhor que consegue, reconhece o seu bom desempenho, mas ainda assim, se vê sozinha, mesmo cercada de pessoas.
Pergunta-se se os amigos e a família conseguem enxergá-la por dentro, por trás de seus olhos negros. Ela sente as profundezas de sentimentos que não se explicam, cada gosto, cada noite, cada respiração e cada passo que dá têm o objetivo de buscar uma ponta de felicidade que deve estar perdida e que muitos nem acreditam que exista, contudo, ela sabe no seu íntimo, que deve sempre manter-se em movimento e continuar.
Algumas noites são escuras, com lágrimas que ninguém vê. Alguns dias são tão leves que passam despercebidos. Com dor, pranto, risos, gracejos e alguns golpes, sem perceber ela se levanta, deixa o ar entrar no interior de suas entranhas e ilumina a vida.
Ela olha para dentro de si mesma como uma criança que sabe verdadeiramente brincar de felicidade, ela não entende tudo que sente, mas sabe que sente algo que toca as pessoas. Ela simplesmente é.
Em uma visão do futuro a vejo feliz, tão leve como uma brisa pode ser. Mal sabe ela que chegará aos cem anos, com aquele mesmo olhar e o mesmo sorriso, tendo cumprido uma longa missão e perpetuando-se através das gerações. Eu a vejo imutável, vislumbrando algo que só ela vê, um quase imperceptível sorriso denuncia um agradável pensamento, talvez uma antiga anedota. Ela segue em reflexão intrínseca, admira o céu e sente satisfação com a simples mudança do tempo.