Ontem o Facebook tirou do ar cerca de duzentas páginas, mais milhares de perfis. A notícia aos poucos se espalhou e muitos acusam Mark Zuckerberg de censura. O título dessa coluna, alias, para nossos leitores de muito tempo, pode parecer estranho. Há algumas semanas nossa capa era: “Cansou de Fake News? Conheça o portal que fala com credibilidade sobre os bairros de Porto Alegre.”. Mas Fake News é algo bom.
O Meu Bairro tem oito anos de existência. Desde o início do projeto a ideia é levar notícias que interessam à população, e que não têm espaço na grande mídia. Dessa forma tentamos exercer a cidadania e cumprir um dos preceitos básicos do jornalismo que é servir à sociedade. Eu me atrevo a dizer que esse é o mais importante.
Mas é difícil isso… Para tanto, nós nunca aceitamos nos vender a partido político nenhum. Em 2016 recebemos exatamente essa proposta. Teríamos as contas pagas com facilidade. Bastava favorecer um que outro candidato. Preferimos continuar com dificuldade, mas sem partido.
Isso significa que ideologicamente o Meu Bairro não tenha preceitos? Temos sim. Isso é o que é lindo no jornalismo: você pode ter lado (o nosso por exemplo é o da comunidade) mas ele tem que ser para o bem comum, de ambos os lados. É difícil entender, mas eu acredito, com muito orgulho, que tenhamos feito bem esse papel até hoje.
Nos últimos anos, contudo, tem ficado ainda mais difícil competir. Muitas páginas apareceram e começaram a copiar nosso material. Tivemos que impossibilitar o texto de ser copiado. Além de apenas replicar o conteúdo feito por outros profissionais, essas “páginas de notícias” começaram a fazer uso de materiais sensacionalistas, como fotos de pessoas mortas, alertas de tiroteios que depois não se confirmavam, vídeos de ameaças de toque de recolher que não eram reais e coisas do tipo.
Essas páginas hoje são BEM maiores que a nossa. Tem mais seguidores, mais fãs mesmo. Pessoas que aprenderam a se relacionar com essas notícias, mesmo que elas não sejam verdadeiras. E isso é realmente preocupante. As pessoas hoje muitas vezes preferem os portais de notícias que mentem. Não importa se aquele conteúdo foi roubado de outro profissional, se a notícia é verdadeira. O mais importante é o fato dela ser sensacionalista.
Do ponto de vista financeiro, de reconhecimento e de crescimento, Fake News é bom.
Eu sou muito grata a cada um dos nossos leitores. Cada um mesmo. No nosso WhatsApp 51985079160, sempre que recebo uma mensagem, eu abro um sorriso. Até um bom dia me deixa feliz. Por mais que seja difícil financeiramente, a sensação de estar fazendo um jornalismo sério, que ajuda as pessoas, que cumpre o propósito da nossa profissão, dá um alento.
Aqui continuaremos sem Fake News, sem partidarismo, defendendo os que mais precisam. E se você quiser convidar seus amigos a curtir nosso material também, indique nossa página. Eu ficarei muito grata.