Quem pode dizer que teve cinco minutos de paz interior durante o dia é um felizardo. O telefone do escritório toca, o celular recebe uma mensagem, você manda um e-mail correndo, escuta rádio no carro, corre o dia inteiro. Chega em casa, aproveita alguns momentos com a família e amigos e dorme. Amanhã é tudo de novo. Em meio a isso tudo, no bairro Nonoai, a Sociedade Portoalegrense de Auxílio aos Necessitados (Spaan) é uma folga para a cabeça e para o coração. Com certeza o ambiente tranquilo, as árvores, o silêncio e a quietude ajudam, mas a paz de espírito vem mesmo depois do primeiro sorriso de um dos voluntários.
Entre eles, talvez aquela com sorriso mais largo é Helena Sander. Há treze anos na instituição, Helena foi uma das idealizadoras do Feirão da Spaan. Uma vez a cada três meses, alguns voluntários se unem para recolher aqueles materiais que são doados, mas que não poderão ser utilizados por quem mora na Spaan, para que eles sejam vendidos a preços populares para a comunidade mais carente. Um jogo de ganha-ganha. Ganha quem doou, que verá sua doação na mão de quem precisa; a instituição, que assim consegue manter as contas em dia, e também os mais necessitados, que poderão ter uma condição de vida mais digna. Mas nem tudo são louros na Spaan.
Seu vice-presidente, Geraldo Sander, lembra que está se aproximando a época de pagar aos funcionários o décimo terceiro salário. “A gente trabalha com o cinto apertado. Hoje, precisaríamos de um pouco mais de ajuda. Apenas 10% dos nossos custos são pagos através de dinheiro público, o resto a gente luta pra conseguir”, explica Geraldo que completa: “mas vale a pena, sempre vale. O mais importante é conseguir os recursos para dar a assistência que esses senhores e senhoras merecem, ou seja, a melhor possível. Dignidade é um direito, não é uma possibilidade”.