Texto de Paulo Baisch gentilmente cedido ao Meu Bairro
Esse é um texto muito bem escrito por um teólogo (Francês?) que o Frei Boff compartilhou no Face, mas não fez referência ao nome.
Eu não sou Charlie, je ne suis pas Charlie
O texto é bem escrito, o autor mostra inteligência, certamente é um pessoa preparada, tem argumentos atilados, mas o texto é lastimavelmente EQUIVOCADO.
Quando dizemos JE SUIS CHARLIE, não estamos necessariamente endossando a Revista (Charlie Hebdo) e suas matérias e desenhos; nós estamos apenas nos colocando contra o terrorismo, contra a barbárie, contra a brutalidade, contra o obscurantismo religioso, contra o fundamentalismo e extremismo, contra a censura e estamos nos colocando a favor dos estados democráticos e laicos, a favor da humanidade, da fraternidade, a favor da liberdade a favor da liberdade de escolhas de crer ou não crer de gostar ou não gostar de qualquer coisa. Isso é o principio de nossa civilização e dos estados mais civilizados. Esses Estados souberam sair da idade média a idade das trevas, patrocinada pelo fundamentalismo e fanatismo religioso de todas as religiões da época. Desde esse tempo, homens, mulheres e crianças inocentes são assassinados em nome de Deus, Alá Jesus ou Maomé!
Por isso precisamos ser Charlie, precisamos dizer “Chega de Barbárie!!!”
Eu não posso acreditar que um teólogo possa deixar uma brecha para “explicar” ou “justificar” um atentado contra a humanidade, contra o espírito que nos une em uma só espécie.
Dizer que esse atentado foi porque a Revista francesa ridicularizou Maomé, é uma simplificação por falta de visão ou por desconhecimento. Vejam as declarações dos representantes muçulmanos da França e de outros países. Esse atentado, contrariamente ao que diz o Teólogo (sem nome) foi contra todos os homens. O teólogo desliza por terrenos movediços, pois atribuiu e cita fatos não falados mídia mundial, como se fossemos idiotas e não conhecêssemos a realidade e os problemas da comunidade muçulmana na França e na Europa.
Mas o centro do acontecimento é outro, e assim o teólogo se equivoca e constrói um texto desarticulado com o centro da questão. O fato em questão ultrapassa os aspectos religioso, social ou político. A questão central é de humanidade, e isso o teólogo não entendeu. Posso imaginar, para um teólogo, ver figuras sagradas sendo ridicularizadas, deve ser muito revoltante. Creio que sabendo disso, poderemos entender melhor a justificativa ou explicação dado por esse teólogo desse brutal e revoltante assassinato.
Mas voltemos ao fato em si. Esses terroristas fundamentalistas levam a violência grotesca e a barbárie contra homens, mulheres e crianças inocentes em níveis jamais vistos pela humanidade.
Esse atentado obscurantista matou gente pacifista que respeitava todas as inclinações políticas e credos dos povos do mundo. Esses homicidas são os mesmos que matam mulheres e crianças inocentes, contra tudo que significa humanidade, espiritualidade ou crença religiosa. O que esses sádicos assassinos querem é isso mesmo, disseminar o pânico e a violência.
Achar que esses terroristas assassinaram todos esses jornalistas porque eles desenhavam o Maomé sem roupas, ou o ridicularizavam jocosamente, é de uma inocência tocante. Todos nós sabemos que esse ato é uma vingança pela participação da França na coalizão que luta contra essa facção extremista. Deve-se lembrar de que quase todos os povos árabes e muçulmanos lutam contra esse grupo, que matam adultos e crianças de todas as crenças, mas são na maioria muçulmanos. O teólogo sem nome foi lastimável, porque não entendeu o significado do acontecimento. Por muito menos, ou por nada, muçulmanos e não muçulmanos têm sido assassinados brutalmente por esses homicidas.
Mas agora vem o pior. O teólogo tentou explicar esse assassinato brutal, falando da condição inferior dos muçulmanos, e o pior, e mais grave, ele afirma que faltou censura por parte do Estado Francês, um estado laico. Na verdade, o teólogo é claramente a favor a censura, mas se atrapalha nos seus argumentos, e responsabiliza o Estado Frances. Esse teólogo defesa da censura da imprensa, só assim seria possível ter se evitado essa carnificina terrorista! Vejam foi isso mesmo que disse um teólogo. Espero que o Frei Boff não esteja endossando-o.
As pessoas humanistas não podem calar com assassinatos selvagens de homens, mulheres e crianças. Chega de bestialidade, chega de fundamentalismo e terrorismo de qualquer pessoa ou grupo, chega de se matar em nome de Deus, ou Alá, Jesus ou Maomé.
Mais um comentário final, Teologia infelizmente não é sinônimo de humanismo!
Por tudo isso JE SUIS, ET JE SERAI TOUJOURS CHARLIE !!