Não quero rosas, perfumes e batons. Quero me maquiar sem ser chamada de fútil, quero andar bagunçada sem ouvir que posso perder o marido, quero ser validada pelo que digo sem ouvir “só pode ser TPM”. Quero escolher me depilar ou não, pintar as unhas ou não, usar rosa ou não. Quero que meu corpo não seja invadido/violentado/desapropriado por quem se julga mais forte. Quero que minha identidade de gênero não seja arrancada por eu ter uma deficiência. Quero que a maternidade seja escolha e não imposição.
Quero que nenhuma mulher coloque sua vida em risco diante do desespero de não dar conta de gerar, sozinha, uma vida. Quero escolher minha via de parto sem as manipulações/distorções de conhecimento, pois ninguém além de mim poderá falar sobre os limites e potencialidades do meu corpo. Quero colocar meu seio à mostra, sem ser julgada ou convidada a me retirar, sempre que minha filha quiser mamar. Quero ter orgulho do meu corpo, mesmo que ele não corresponda às expectativas dos outros. Quero trabalhar e receber salário igual. Quero investir em minha carreira profissional e/ou familiar e/ou pessoal. Quero que todos entendam a beleza de verbalizar/expressar, com respeito, o que se sente. Que emoção é uma qualidade humana e não um defeito que precisa ser escondido/proibido. Quero amar outras mulheres sem ouvir que é preciso ter cuidado, pois não somos confiáveis. Quero que nos unamos cada vez mais para compreender que nosso lugar não é onde determinam, mas sim onde queremos estar.
O Dia Internacional da Mulher serve para reforçarmos nossa existência e colocarmos em pauta a violência velada ou declarada, institucionalizada em todos os níveis e naturalizada, que nos rodeia diariamente. Quero ser desejada, mas exijo e mereço respeito, ser vista como gente, pois minha vida jamais será terceirizada (ninguém, jamais, tomará decisões por mim)!
Quero, quero muito, olhar nos olhos da minha filha e dizer: tu és livre, orgulhe-se de ser mulher e saiba que isto te permite um universo de possibilidades! E, mais que tudo, saber que tudo que lhe disse é verdade e, se ainda não for, que caberá a ela continuar esta luta para que um dia esta data não faça mais sentido.