Recentemente perdi meu pai para o câncer. Logo foi a primeira vez que me deparei com a morte assim, de tão perto. Fizemos tudo que podíamos para salvá-lo. Tudo o que estava ao nosso alcance foi feito e a esperança que ele vencesse essa doença horrível, mais uma vez, estava sempre junto da nossa família. Depois que ele partiu, pude enxergar, em um modo de ver bem particular, o significado da morte.
Para alguns é a derradeira final, para outros uma passagem e ainda, para muitos, um castigo. O final para quem não tem fé; a passagem para quem tem convicção e o castigo para quem ficou. Não vou aqui falar em religião, pois além de não ter conhecimento real sobre nenhuma não tenho pretensão alguma em polemizar, então vou tentar escrever um pouco sobre a ultima opção – castigo para quem fica.
Um castigo – talvez por pensarmos que a vida é uma droga quando na verdade não temos problema algum além dos mais banais que todas as pessoas têm: falta de dinheiro para pagar contas, um amor não correspondido ou o tédio que algumas pessoas transformam a própria vida.
A morte não é nada mais do que a conclusão de tudo que passamos, vivemos, adquirimos experiência, amamos, sofremos, aprendemos, erramos, acertamos e tudo mais que é inerente ao ser humano. É como iniciar qualquer projeto, com início, meio e fim; se partimos aos cinco ou aos 105 anos, mesmo assim, tivemos nosso inicio, meio e fim.
Meu pai fez tudo que ele queria fazer, aprendeu o que deveria aprender e ensinou quem queria aprender, errou e acertou, teve seu início, meio e fim. Enfim, ele partiu, deixou saudade, muita saudade, mas partiu sabendo que viveu, realizou tudo o que se propôs realizar, teve sua família e foi muito amado.