Ah, estas mulheres, com quantos acessórios as adoramos?
Seus vestidos, longos médios ou curtos, suas cangas e biquinis, as calças justas ou largas, jaquetas, blusas, casacos, os bordados, opções para a combinatória de um mesmo tipo: mulher.
Se soubessem o quanto estes adereços sugerem, alegam, convencem, agridem e dilaceram; sabem sim, senão qual a razão de tantos tormentos na busca incessante de adquirir estes mínimos complementos?
Há nelas uma secreta e perversa capacidade (intuição) de estruturar esta linguagem subliminar. Elas conhecem muito bem qual a função destes signos: a intermitência, um jogo entre o aparecimento e o desaparecimento, uma astuta (por isto os antigos as confundiam com o diabo) habilidade de disfarçar, de valorizar mesmo o invalorizável.
Ora, que há de atraente nas mãos e pés, no ventre, nas pernas e nos seios, no pescoço, no rosto, olhos, boca e nariz, nas sobrancelhas ou nas orelhas? Todos estes complementos pouca razão têm em suas isoladas existências: são, anatomicamente, funcionais. Que graça teria, porém, tal exemplar da espécie se fosse todo funcional, desprovido de atrações suculentas?
Poucas mulheres suportam a ausência de seus acessórios: o lápis, a sombra, até mesmo as lentes de contato (intenções discretas de destacar ou falsear uma herança, em algumas favorável, em outras trágica). Seus batons, brincos, anéis, braceletes, meias meinhas, lingeries, sapatos, bolsas, lenços, decotes, seus metamorfósicos cabelos… Quantos signos compõem a mulher?
As mulheres têm sim uma perversa capacidade, muito bem explorada pelo marketing e, ao mesmo tempo, adorada e invejada: são, em um ser, mãe e amante, razão pela qual muitos homens por elas tenham se sacrificado, por elas matem, a elas até mesmo agridam.
O que é este ser adorável, que edipianas razões explicam sua doce e selvagem mágica sobre os homens?