No verão de 2007 eu me formei Farmacêutica Clinica Industrial e logo fui trabalhar com o que me preparei durante 5 anos: medicamentos. Aprendi na faculdade a formular, garantir a qualidade e a dispensação dos medicamentos, porém estudo nenhum me ensinou a trabalhar e agir com as pessoas e a reagir frente a tudo que elas trazem consigo.
Quando passei a trabalhar com atenção farmacêutica para idosos, onde o profissional passa a promover saúde à pessoa e não somente tratar a doença e visar os lucros de venda de medicamentos, compreendi que não existe uma fórmula correta a seguir e que eles são carentes de informação e de paciência por parte dos profissionais. Mas isso só ocorre quando o idoso passa a ser um sujeito ativo nesse processo e se permite trocar informações com o profissional e o profissional se dispõe a escutá-lo.
Há mais ou menos dois anos atrás eu me deparei com uma senhora que foi diagnosticada com diabete. O médico prescreveu a medicação, nós conversamos sobre a sua alimentação, sobre como tomar a medicação e aparentemente estava tudo ok. Porém, a mesma senhora, em um determinado período de tempo, procurava ajuda por apresentar fortes tonturas, mal-estar e gosto ácido na boca. Aquilo se repetia com frequência, até que em uma conversa ela me contou que tomava o medicamento para diabete e começava a mentalizar que ficaria boa e parava de tomar, pois ao longo de sua vida foi ensinada que a pessoa traz para si tudo aquilo que pede em pensamento.
Ai que me dei conta que a tontura, o mal-estar e o gosto de ácido eram porque sua glicose estava elevada. Nesse momento vi que não bastava eu lhe dizer como tomar um medicamento, mas sim, explicar do que se tratava sua doença e escutar o que ela achava certo fazer. Me dei conta de que deve-se ser um bom observador para poder promover saúde.
Foi a partir do momento que chegou até ela a informação de que o medicamento, juntamente com exercícios físicos, com uma dieta regulada e com positividade de pensamento, que é indispensável para a manutenção do equilíbrio da sua saúde, que tudo passou a ser feito corretamente e a doença se estabilizou antes que pudesse evoluir.
É nesse contexto de emoções, crenças, culturas, possibilidades e visões diferentes que a nova proposta da minha coluna é trazer um pouco do meu dia-a-dia com meus vozinhos, mostrando algumas situações vivenciadas e informações e atitudes que podem parecer pequenas, mas que possibilitam grandes resultados tanto para eles quanto para mim.