Um dos conceitos mais conhecidos de Marketing é o ‘composto mercadológico’, ou como ficou popularizado por Kotler, os “Quatro P’s de Marketing”. O pai da ideia não foi Kotler, e sim Jerome McCarthy em 1960 no livro Basic Marketing.
Os 4 P’s dizem respeito aos aspectos que as empresas deveriam estar atentas ao desenhar seu planejamento de Marketing, eles correspondem a:
- Produto: tudo aquilo relacionado ao produto ou serviço em si, sua relevância, apresentação para o mercado, qualidades e demais características;
- Praça: relacionado aos canais de distribuição do produto. Como fazer para os produtos ou serviços chegarem aos clientes, facilidades de estocagem e aspectos logísticos;
- Preço: referente as políticas de preço, margens de lucro, formas e prazos de pagamento;
- Promoção: aqui não se tratam de ofertas (ok, eventualmente pode se tratar), mas sim das ações para promover o interesse das pessoas pelo produto. Que ações irão vender a marca ou as funcionalidades do produto, como serão as ações de propaganda e relações com o mercado, investimentos em publicidade e demais ações de comunicação.
O conceito dos 4P’s funcionou bem até hoje, os “p’s” são interligados, então as ações de planejamento se integram e preveem uma significativa gama de variáveis. Porém, o mercado mudou nos últimos anos. A internet popularizou o conhecimento e em vários aspectos barateou os custos de produção. Neste novo mercado os 4P’s já não se mostram tão eficazes já que em vários setores os próprios clientes passaram a atender suas demandas, Qual é o próximo passo?
No últimos anos o Design Thinking vem se consolidando como uma abordagem mais adequada. O DT incluiu o usuário no planejamento de Marketing, colocou as pessoas na jogada. As Pessoas passaram a ser o ‘5º P’ na composição do Mix de Marketing.
Ainda que pareça um modismo, o termo é muito adequado. Pensar a concepção de produtos ou serviços com o olhar de um Designer, que interage com seu potencial usuário, prototipa e testa soluções e busca, além de eficiência funcional, a facilidade de operação do usuário final, faz todo sentido em mercados dinâmicos e com grande integração como o que se consolidou na última década.
A abordagem é recente, a primeira referência é só de 1992, feita por Richard Buchanan[1], mas o que vem sendo produzido de 2006 para cá. Além de bom, pode ser aplicado nas mais diversas áreas, desde serviços para saúde até a indústria pesada. O livro do Tim Brow e o Design Thinking Brasil são dois “bons começos” para quem quiser se aventurar na área.
O que interessa aqui é notar que as pessoas, sejam nas empresas ou trabalhando de suas casas, estão pensando em soluções para outras pessoas buscando novos métodos para saber o que essas outras pessoas precisam e como oferecer melhores soluções para elas. O Design Thinking é o capitalismo em sua essência. É a compreensão de que para sobreviver em um mundo colaborativo é preciso de empatia.
É isso que o Smith queria dizer séculos atrás quando disse que “O esforço natural de todos os indivíduos para melhorar as próprias condições, quando exercido com liberdade e segurança, é princípio tão poderoso que, apenas esse fator, sem a contribuição de qualquer outro, é capaz de levar a sociedade à riqueza e à prosperidade.”[2]
Ver que novas abordagens de gestão como o Design Thinkingseguem nascendo me deixa otimista. As pessoas são boas e seguem pensando em como melhorar a vida de outras pessoas.
[2] Adam Smith – A riqueza das Nações – 1776