Recentemente vi uma matéria que reforçou uma triste realidade vivenciada por nós, mulheres. Uma menina de 12 anos de idade foi estuprada por 03 colegas de escola e, ao encontrar a mãe, sua reação foi pedir perdão. Perdão por ser mulher, este seria seu crime?
Em uma cultura que penaliza suas vítimas, habitualmente nos desculparmos pelo que não fizemos e nos responsabilizamos pelo crime dos outros, aceitando que o comprimento da nossa saia é o verdadeiro culpado. Tu já percebeste o quanto desvalorizamos outras mulheres por não se curvarem ao que a sociedade nos impõe? Por que fazemos isto? Será que nos ensinaram a nos odiar por compreenderem que unidas somos difíceis de controlar?
O discurso que permeia o senso comum muitas vezes é construído através de brincadeiras e frases mascaradas que precisam ser levadas com a seriedade necessária.
Diante esta compreensão, uma frase chamou atenção em um bar de Porto Alegre: “Assédio sexual só é crime quando o cara é feio”. Para muitos esta frase é engraçada e não possui importância. Será?! Precisamos compreender que elas possuem, conscientemente ou não, o objetivo de legitimar ações opressoras.
Pela necessidade de debater este assunto para que ele seja assimilado, um grupo de mulheres criou a campanha “Opressão não é brincadeira”. O objetivo é, através de fotos postadas com #opressãonãoébrincadeira, dizer não a naturalização da violência e mostrar a importância da mobilização social neste processo. De acordo com a Elen Tavares, que lidera a ação, a problematização de práticas aparentemente “normais” se fazem necessárias para este processo de “desnaturalização”.
Ao aceitar estas “pequenas” violências, atropelamentos nossa autoestima e, mais grave ainda, nossa identidade de gênero. Felizmente esta história continua a ser contada de forma diferente por cada vez mais mulheres!
Para finalizar, trago a resposta da mãe da menina citada no início do texto que, frente ao pedido de perdão da filha, disse: “Minha primeira atitude foi cobrir a minha filha com todo o amor que eu tenho”. Que sua resposta nos inspire a fazer o mesmo!