Com certeza se alguma coisa está certa na minha viagem para Nova York em agosto é isso: pânico e delírio no avião. Serão aproximadamente 10 horas. Sem fazer nada, sem beber, sem comer, enfim, sem usar coisa nenhuma, estarei sentindo automaticamente pânico, medo e delírio pelo simples fato de estar longe do chão.
Meu pavor de avião anda às avessas. Nas primeiras vezes em que viajei, não senti nada. Quer dizer, achava que tudo era normal. Porém, o tempo foi passando, e a situação foi complicando, até que da última vez em que viajei de Porto Alegre para Fortaleza, com escala em São Paulo, cheguei a cogitar seriamente em fugir do aeroporto de Guarulhos para seguir a viagem de ônibus. No fim, respirei fundo, pensei “o além é logo ali” e segui adiante. Nunca me senti tão aliviado como quando as rodinhas do avião tocaram no solo. Já na volta… Bem, na volta foram três dias de ônibus, com direito a banho na rodoviária do Rio…
Está certo, ainda tem a possibilidade de eu não ir, como por exemplo, se alguém que tem o poder de me barrar ler esse texto e dizer “parai, como esse maluco vai sair do país de avião?”. Até imagino o sujeito me interpelando:
– Vamos fazer um trato: você só viaja se você não tiver pânico, ok?
– Ok, Mr, mas a minha parte do trato é a seguinte: eu não sinto pânico se o troço não cair, me garante?
Mas, considerando que isso não ocorra, terei oito meses para me preparar psicológica e espiritualmente. Cheguei até a cogitar viajar de navio, mas descobri que: 1°) a viagem demora um mês – com isso, se eu ficar seis meses, vou perder um mês indo e outro voltando, sobrando apenas quatro em solo americano; e 2°) não tem navio que vai do Brasil para os Estados Unidos, então eu teria que fazer a viagem em etapas, o que levaria mais de um mês e tornaria tudo financeiramente inviável. Diante disso, parti para o plano B: ônibus. Desisti ao descobrir que não consigo nem ir do Brasil até a Colômbia de ônibus, além do que, levaria tanto tempo quanto de navio.
O jeito é encarar o troço. Sei que, por um lado, há vôos todos os dias que fazem esse trajeto, e nenhum cai (vejam vocês). Também sei que nunca houve acidente, até onde eu sei, nos vôos do Brasil para Nova York (já pesquisei na internet, mas não achei nada, só um quase-acidente em setembro do ano passado). Mas, depois que caiu um Air France e que o presidente da TAM morreu em um acidente aéreo, não me venham dizer que viajar de pelos ares é 100% seguro! Viajar de avião é um risco que assumimos como qualquer outro: viajar de carro, de ônibus, andar a pé pela rua em tempos em que malucos podem subir de carro pela calçada e te atropelar a qualquer hora do dia e da noite… Enfim, é um risco que terei que assumir… Mas será por uma boa e honrada causa: descobrir, dentre outras coisas, o que ainda há de medo e delírio nos Estados Unidos da Era Obama. Se o avião cair, que xeje na volta.
Hasta!