Desconfiança, incerteza e medo. A ação da Polícia Civil na tarde de ontem, quando foi à casa de dois estudantes, ambos integrantes do movimento Bloco de Lutas, gerou uma série de discussões quanto a legitimidade das investigações da Polícia Civil que apuram a ação de vândalos durante as manifestações de junho. Na manhã de hoje, 2, o Partido Socialista (PSOL), partido de um dos manifestantes, convocou uma coletiva de imprensa sobre o tema.
O partido solicitou o arquivamento do processo contra o militante Lucas Maróstica e afirmou que o secretário de Segurança, Airton Michels, não tem condições de permanecer no cargo. Para o vereador Pedro Ruas, o inquérito deve ser arquivado pois não há indícios de crime. “Exigimos o arquivamento do inquérito do Lucas. Ele não cometeu crime algum. Está sendo acusado de formação de quadrilha por que esteve na organização das mobilizações que levaram milhares às ruas? Ou ser de esquerda é o crime? Ou ser do PSOL?”, questionou.
Manifestante promete continuar mobilização
Para o militante Lucas Maróstica, a ação motiva a continuidade da mobilização. “Há poucas semanas apareci na TV, no programa do Tarso, que utilizou as imagens de militantes que foram às ruas em junho, dizendo que o governo ouviu as pautas dos movimentos. Agora invadem minha casa dizendo que aquilo era crime. Se foi tentativa de nos intimidar, o resultado foi o contrário. Seguiremos mobilizados”.
Luciana Genro, ex-deputada federal, atuará como advogada de Lucas no caso e firmou que, além da exigência política de arquivamento do inquérito, o partido também tomará medidas jurídicas, como a solicitação de um habeas corpus, pois não há base material para a investigação. “Os governos não deram resposta satisfatória aos movimentos de junho, o que nos dá certeza de que outros junhos virão. Como não conseguem dar respostas, criminalizam, respondem com Estado penal a demandas que são sociais”.