Andanças em municípios do Rio Grande do Sul permitem-me relatar experiências relevantes para esta coluna, entre as quais, o contraste da qualidade de vida comparada à capital gaúcha. É notável como alguns poucos hábitos criam uma sensação de conforto. Detalhes como evitar um papel ao chão ou a gentileza de ceder um espaço ou uma passagem qualificam o ambiente em que vivemos a ponto de o tornar socialmente habitável. Há muitos outros hábitos, dos quais tratarei em breve, detenho-me, neste momento, sobre a educação no trânsito.
Estive em dois municípios do norte do Estado e ali verifiquei o quanto tem sido importante reeducar o trânsito de automóveis e pedestres. É digno de nota, sim. Tanto no município de Sarandi, quanto no de Erechim é exemplar o comportamento, pelo menos da maioria, dos motoristas que param, como manda a lei, quando um pedestre pisa na faixa de segurança. Conforme o testemunho de um morador de Sarandi, esta mudança é recente, mas isso pouco importa. O relevante é que, ou porque as autoridades de trânsito aumentaram o cerco para a reeducação, ou porque a comunidade começou a perceber a necessidade urgente da mudança, há esperança para a humanidade, isto é, podemos, sim, nos recuperar.
Sou também motorista de Porto Alegre e confesso que só recentemente venho mudando alguns péssimos hábitos. A maioria de nós trafega com a pressa alheia à segurança. Confesso, porque seria hipócrita demais esquecer as raízes de onde os obtive. O ambiente é sim fundamental para os humanos: bons (como os maus) exemplos em escala tendem a influir diretamente em nossas vidas. Assim, se todos os dias mudarmos algum hábito nefasto, estaremos contribuindo para algo bem maior. E tenho certeza de que a transformação é muito mais profunda quando despertamos a consciência do que quando que punimos quem ainda não a tenha. Seria interessante aos governos ou a uma instituição criar um índice de avaliação para a qualidade de vida nas cidades, o de percepção de conforto civilizatório (ou um nome bem melhor do que este) que pudesse identificar como os residentes em determinadas cidades percebem este conforto, levando em conta a educação do trânsito e os relacionamentos cotidianos.
Em um projeto de caráter ambiental recentemente envolvido, entrei em contato com informações que em breve trarei para esta coluna, tais como as pequenas coisas que diariamente transformam o mundo.
Abaixo, um vídeo capturado ontem em frente à Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) em Erechim e que mostra como a comunidade está se reeducando. Claro que Erechim não é a única cidade, nem a primeira, mas o que vale mesmo é que estão ocorrendo mudanças e Porto Alegre necessita, com urgência, seguir este exemplo.
http://www.youtube.com/watch?v=wDrrpo-qQTM