No domingo Porto Alegre escolhe seu prefeito. Estão na disputa Nelson Marchezan (PSDB) e Sebastião Melo. Conversamos com o atual vice-prefeito da Capital na última quinta-feira, 20, sobre o que ele pretende fazer para a Zona Sul caso seja eleito.
Mobilidade
Para Melo, o gestor público quando trata de mobilidade não pode trabalhar só com uma alternativa. “Se tu conseguir fazer com que as pessoas morem perto do lugar onde elas trabalham já melhora muito a questão da mobilidade urbana.”, diz o prefeito. Ele aponta a integração do bilhete único do transporte metropolitano e a implantação dos BRTs como alternativa já no início de um possível governo.
Já o metrô Melo vê como uma alternativa de mais médio prazo e diz entender que é necessária uma parceria público-privada para sua efetivação. “Tu nunca pode desistir dele, mas com a crise tu não pode pensar nele feito com dinheiro público. Então, o metrô só vai ter sucesso com uma parceria público-privada por concessão.”. Melo também falou sobre a possibilidade de levar o Catamarã aos bairros mais ao Sul da Capital. “Nós temos também o estudo do Catamarã. Isso é um assunto importante, mas tem que estar lincado exatamente com os modais existentes. Tu não vai, por exemplo, fazer estações para a Zona Sul se tu não abster elas com os ônibus. Então, tu tem que ter uma passagem que integre o ônibus, o catamarã, faz a mudança, vem para o Centro da cidade com um preço que ele possa pagar.”.
Escolas
A necessidade de mais vagas para educação infantil é um consenso. Melo afirma que a rede municipal atende a mais crianças hoje do que no início do governo Fortunati-Melo, mas que precisa aumentar. “Nossa rede hoje acolhe 23 mil alunos, quando assumimos eram 14 mil, mas isso ainda não é suficiente. O que nós pretendemos, Juliana e eu, é nós trabalharmos para termos mais vagas de 0 a 3 anos. Mas eu quero dizer o seguinte: dinheiro não dá em árvore.”, afirma.
O Meu Bairro abriu espaço para moradores enviarem perguntas. Veja o que disse o vice-prefeito.
Fernanda Machado de Oliveira: Gostaria de saber como pretende desburocratizar os processos de aprovação de projetos na Prefeitura, aproveitando os empreendimentos em prol do interesse público. Exemplo disso são os 7 anos em que tramita o projeto do condomínio ao lado do Barra shopping, que é uma grande oportunidade de buscar diversas contrapartidas para o município.
Sebastião Melo: Eu estou convencido de que vou tomar algumas atitudes que vou tomar se for prefeito. A primeira delas é unificar o licenciamento. Hoje parte está na SMAM, parte na SMURB, parte na PGM, parte na Unificapoa, na EPTC, do DEP e no Dmae. Essses órgãos todos tem responsabilidades de licenciamentos. O que eu pretendo é unificar nas secretarias trazendo esses órgãos para dentro das secretarias e ter um espaço único de licenciamento. (…) Ter prazos bem concisos para você liberar os projetos. A segunda, nos grandes empreendimentos, que hoje nós temos uma comissão, eu vou presidi-la pessoalmente, não vou terceirizar. Eu vou sentar na ponta da mesa com os advogados da Prefeitura e os empreendedores e seus advogados e nós, com os técnicos da Prefeitura, vamos encontrar as contra-partidas necessárias para não perder o empreendimento, mas também para não deixar um empreendimento causar transtornos intransponíveis para uma reunião. Vou te dar um exemplo a Arena do Grêmio. Estava combinado que iriam ser usadas recursos das emendas parlamentares para fazer as obras do entorno. Essas emendas não vieram e que está pagando hoje é a população com alagamentos, ruas que não foram alargadas…
Juliana Blanck: Gostaria de saber, se eleito for, o que pretende fazer com relação às consultas com especialistas pelo SUS. O tempo de espera para algumas especialidades, hoje, é muito longo. Minha mãe mesmo espera há 2 anos por uma consulta com ortopedista, mesmo precisando de acompanhamento da osteoporose, que já provoca fraturas espontâneas.
Sebastião Melo: Reconheço que tem gargalos, mas quero te dizer que hoje nós temos mais de cem especialidades no município de Porto Alegre que o nosso prazo de marcação de consulta não está passando de 35 ou 40 dias. Isso é muito bom se tu levar isso para qualquer convênio, você não está perdendo para nenhum convênio. Mas nessa área existem muitas pendências e muitas filas. Eu estou pretendendo e tenho conversado com os prestadores de serviço e se for prefeito eu vou fazer mutirões para essas áreas. Vou abrir para zerar a demanda que tem. Não é justo que uma pessoa esteja precisando, na fila e não seja atendida.
Onila Capitani Giongo: Como acreditar nesses candidatos? Moro há 29 anos no jardim Vila Nova, em todas as eleições prometeram duplicar a Avenida Vicente Monteggia. Então, pra mim, tanto faz. Não acredito neles.
Sebastião Melo: 85 foi a eleição solteira em Porto Alegre quando o Carrion e o Fogaça estavam de um lado e de outro lado estava o Collares. De lá para cá, todos os prefeitos que disputaram a eleição, 85, 88, 92, 96, 2000, 2004, 2008 e 2012, todos assumiram o compromisso de duplicar a Vicente Monteggia, eu não tô dizendo que isso foi promessa, foi compromisso. Eu quero dizer para a senhora o seguinte: essa obra custa R$ 140 milhões. Essa é uma outra obra tão importante ou talvez mais importante que a Edgar Pires de Castro e que ela tem um projeto do Executivo pronto com uma única exceção, a trincheira. E essa obra precisa. Eu não posso fazer uma duplicação da Vicente Monteggia sem fazer a trincheira. Então, aquela trincheira tem desapropriações, é caro aquilo. Eu quero dizer para a senhora que no cardápio que tem de compromissos com a Zona Sul, não é uma promessa de campanha. Não tem dinheiro para fazer Edgar Pires de Castro, a Vicente Monteggia, a Coronel Marcos tudo na mesma hora. Mas duas obras que quero que saiam no meu governo é a Edgar Pires de Castro e a Vicente Monteggia.
Gisele Sombra: Eu gostaria de saber como o prefeito eleito pretende acabar com a tamanha violência que assombra nossa Porto Alegre? Está preocupante.
Sebastião Melo: O prefeito tem que cuidar de tudo e também da segurança pública. Agora, o Prefeito não acaba com insegurança por decreto ou com discurso fácil. Alias, o que eu tenho visto do meu adversário é que ele tem discurso fácil para tudo. Eu posso afirmar para a senhora que segurança pública é prioridade nossa. E como tu traduz na prática essa quando eu falo de criança em turno integral, quando falo de iluminação, uma praça bem frequentada é segurança pública. Porque se os ocupados não ocuparem a praça, os desocupados tomam conta. A parada de ônibus segura, um transporte regular, emprego para as pessoas. Isso é uma cidade melhor para se viver. Mas, tu tem que ter isso e mais brigadianos nas ruas. Quem faz isso é o Estado. Compete ao prefeito dizer ao governador que precisamos de mais brigadianos. Isso é um papel político-articulador. E o prefeito comanda a Guarda Municipal. Com todas as dificuldades que nós temos aí, eu tenho afirmado que vou diminuir muito o governo. Naquilo que eu diminuir na atividade meio, eu vou contratar guardas. Se eu for prefeito, eu pretendo chamar, nos primeiros dias de janeiro, cem novos guardas. É o suficiente? Não! Mas é uma sinalização para poder ter autoridades para conversar com o governador. E uma outra coisa que eu estou pensando também é um convênio guarda-chuva com a Brigada Militar para você pagar hora extra para os brigadianos nos seus dias de folga. Hoje a gente vê muito brigadiano trabalhando em madeireira, supermercados, para poder complementar os seus salários. Eu penso que em um convênio onde lá na região onde tenha mais criminalidade, lá eu tenha mais brigadianos. E as tecnologias… Uma cidade que tem mais cercamento eletrônico, câmeras, integração com a polícia, enfim, é uma cidade que se vigia melhor. Então, isso tudo, está dentro de muitas coisas que já estamos fazendo.
Neca Clésia Oliveira: Por que a praça Francisco Perase, no bairro Cavalhada, foi totalmente abandonada pelo atual governo? Rua Pereira Neto em frente ao Condomínio de número 2200
Sebastião Melo: Tem praças bem cuidadas e outras não tão bem cuidadas. Nos temos um programa de Prefeitura chamado ‘Prefeitura na Comunidade’ que nós temos feito o seguinte: recuperar a praça, colocar ela em dia, mas vocês escolherem um prefeito ou prefeita na praça. Isso tem dado muito certo em mutas praças. Ou seja, tu faz a recuperação, mas a comunidade adota. E, a partir dali, tem um link direto com a prefeitura. O poder público não dá conta do espaço urbana. Se cada um for pra praça e colocar um pedacinho na praça ou uma garrafa pet. O caminho é pelas mãos do governo e sociedade para melhorar.