Quando eu estava na escola, não entendia por que o professora de religião tentava nos catequizar, falando sobre a Bíblia, Jesus e coisas do cristianismo, ao invés de, no mínimo, nos apresentar as religiões sem preconceito, para que pudéssemos conhecer, refletir e fazer nossas escolhas. Afinal, não é essa a função da escola? Ela poderia falar sobre amor ao próximo, que acredito teoricamente ser o ponto comum entre todas as religiões, mas nem isso.
Hoje, sendo o Estado laico, eu não entendo essa mania de colocar suas crenças religiosas em tudo, acima até do respeito ao próximo. Por exemplo, como vem acontecendo em nosso Congresso Federal, onde leis são criadas com embasamento religioso. Não faz sentido.
Se realmente existe um Deus que nos deu o livre arbítrio, podemos fazer das nossas vidas o que bem entendermos sem prejudicar ao próximo, certo? Mas parece que em nome de Deus vale tudo, até projetos inconstitucionais.
Como Estatuto do Nascituro, por exemplo. Um projeto absurdo criado com embasamento ‘politico’-religioso, só que disfarçado, dizendo espelhar-se em leis de outros países ditos mais modernos que o nosso.
Entre os absurdos desse estatuto está: privilegiar uma vida constituída (a da mãe) à um amontoado de células (sim, antes de ter perninhas, bracinhos, se mexer ao ouvir a voz do pai dentro da barrigada mãe, o bebê é um amontoadinho de células) como se a mulher fosse a penas uma incubadora; definir o pagamento de pensão pelo Estado às crianças concebidas através de estupro no caso do ‘pai’ (o estuprador) não puder arcar com isso ou não for identificado; definir o estuprador como pai; proibir o aborto em caso de estupro, risco a saúde da mulher ou feto anencéfalo.
Desculpem, mas a minha religião diz que filho só deve nascer quando for desejado, para ser amado, bem criado dentro de uma família com o mínimo de estrutura, com pais e mães de verdade. E não um erro do destino, que colocou no caminho de algumas mulheres alguns homens prepotentes e problemáticos que acham que tem o direito de transarem com quem bem entendem – mesmo que a outra pessoa não queira.
Estupro parece algo muito distante, mas não é não. E segundo a nova lei definida nesse estatuto o aborto passará a ser um crime hediondo. Acredito que crime hediondo deveria ser estupro e corrupção.
E mais, sou a favor do estado legalizar o aborto e isso não se tornar uma prática contraceptiva. Mas para isso é preciso investir em educação, que é à base de tudo e tem um amigo bem próximo e importante, o respeito.
Com educação e respeito a gente vai longe. Parece bem simples, mas ao mesmo tempo para algo tão difícil de alcançar. Mas mesmo assim, essas são minhas bandeiras para hoje: Educação, Respeito, Não ao Estatuto do Nascituro, e que Corrupção e Estupro sejam crimes hediondos.
E tu estás contente com tudo isso (de errado) que a gente tem visto nos últimos vinte anos?