Pois é, meus amigos. Quando comecei a escrever nesse espaço, sinceramente, eu mesmo duvidava que o dia de partir fosse chegar. Era tudo tão perfeito pra acreditar, que sempre achava que iria acontecer alguma coisa, do tipo, algum erro de documento, algum cancelamento de interesse na minha ida para Nova York por parte da NYU, enfim, como diria a minha bisavó: quando a oferta é grande o santo desconfia. Mas enfim, acabei aceitando o convite da minha amiga e editora Letícia e comecei a escrever aqui, sentindo-me meio charlatão, pois assumi um compromisso que não sabia se conseguiria honrar. Pois eis que, finalmente, está chegando a hora…
Como já escrevi em outros textos, já pensei, imaginei e sonhei com muita coisa acontecendo em solo americano. Planejei viagens que nem sei se vou fazer (que, como já mencionei outra vez, inclui passagem pelo Hawaii), tragos que não se vou tomar, pesquisas que não sei se vão se concretizar, amizades com amigos imaginários que por enquanto só existem na minha massa cinzenta, etc. Mas o fato é que no final de semana do dia 11 de agosto estarei finalmente partindo. Agora não tem volta: bolsa recebida, quarto alugado no Harlem, passagens compradas, inglês e medo de avião razoavelmente sob controle… Falta só o principal: arrumar as malas. Não sou machista, mas como sou homem, vou arrumar faltando um ou dois dias (não me levem a mal, mas a maioria das mulheres que conheço já estaria com a mala pronta desde agora…).
Pra aumentar ainda o tom novelesco da minha ida, antes de partir, mergulhei fundo em um par de olhos hipnotizante que me deixou mais maluco do que a maconha que é vendida legalmente em Seattle, onde haverá um grande congresso de comunicação em maio do ano que vem (e que pretendo ir). São dois pares de olhos que conheço há muito tempo, e que achei que nunca mais iria ver novamente, mas que, de repente, estavam na minha frente, fitando-me, deixando-me encabulado e pensando que essa viagem na verdade não é grande coisa comparado com tamanha beleza… Foi só nos olhos que mergulhei, e isso já foi suficiente para me fazer flutuar pelo infinito…
Enfim, odeio pieguices, e estou caindo nelas… É fácil a gente perder a cabeça e mergulhar no mundo brega daqueles que veem uma beleza sem fim em pequenos detalhes cotidianos… Acho que a proximidade da viagem está cada vez mais afetando meu cérebro… O fato é que daqui a menos de dez dias, se tudo der certo, estarei aterrissando na tão badalada, almejada e sonhada New York City. Como falei para o par de olhos hipnotizantes, é algo que há pouco tempo estava além da minha capacidade de desejar alguma coisa. Para um cara como eu, que vim do bairro Harmonia, em Santo Ângelo (de onde estou escrevendo essas linhas) morar no seu co-irmão norte-americano (Harlem) é uma apoteose.
E, depois de ter essa chance, e de ter revisto os pares de olhos mais lindos que meus olhos já viram, posso dizer que, sim, depois de tanto sofrimento, sou um cara muito feliz. Mas pra a p***a desse texto não ficar muito sentimentalóide, encerro descrevendo como me sinto agora, nesse momento: sim, eu sou foda, e todos aqueles que torceram – e seguem torcendo – contra mim terão que engolir o meu c*****o e tudo que tem dentro dele!
Hasta! (o corte de palavrões nesse texto é de responsabilidade da editora).