Nada mais complexo do que atingir a simplicidade, sabem disto perfeitamente os grandes gurus, sejam estes de qual área eles forem, inclusive a religiosa. Designers e especialistas em comunicação sabem que o segredo está naquele grande achado, o mais óbvio e o direto, o que ninguém percebeu. Parece, porém, que estamos fadados a viver na confusão, na maluquice do caos.
Tempos atrás (muito tempo), li um artigo que tratava do caos organizado, isto é, uma teoria que explicava a necessária conexão entre elementos aparentemente confusos. É interessante como a gente pode estabelecer uma boa relação entre o que parece confuso. Um exemplo disto é o trânsito em alguns países asiáticos. Segundo um amigo que visitou um destes, é incrível, mas ,na maior parte do tempo, tudo flui, sem sentidos exatos para os veículos em passagem, nem semáforos para os pedestres. Mas o que trago aqui é outra proposição, a de analisar o quanto é difícil simplificar a vida, talvez a nossa mente seja mesmo muito confusa, que instintivamente recorremos ao caos, razão porque precisamos de umas atividades relaxantes para aliviar as tensões. E o mais exótico nisso é que basta desfocar, basta limpar a mente de tanta doideira para restabelecer a ordem. Alguns dos mais incríveis mestres levam anos para conquistar isto. E, de tão banal, ficamos pasmos.
Nestes tempos de confusão, de caos informativo, já que estávamos, antes das redes, acostumados a uma ordem doutrinária, o melhor é simplesmente desligar, claro que é impossível se manter fora das conexões por um longo período, precisaríamos de uma mudança radical no comportamento e nos objetivos de vida, porém o certo é que umas desligadas, em dois, três ou cinco minutos, o pequeno momento do retiro (mental mesmo) será espetacular para reconfigurar a mente, é como resetar o cérebro. Quem sabe uma seção de Yoga, quem sabe uma reza, um mantra?
Um adendo ao texto. Estou aprendendo a simplificar a vida graças aos passeios diários com um cão, admirando-o nas fuçadas de rua, na felicidade pelo passeio quase sempre matinal. É um momento sublime observar o que na correria é impossível: cores e formas, hábitos, odores, sons, o comportamento de outros animais, de insetos, a presença de vegetais e outros seres da natureza na tentativa de sobrevivência.