Acredito que, independentemente da religião que se siga, há de se concordar que o Papa Francisco demonstra, a cada uma de suas declarações, que é o amor que deve guiar nossas ações. O amor que leva ao respeito, à compreensão, ao convívio harmônico e, principalmente, à rejeição de toda e qualquer manifestação de ódio e opressão.
Simpatizei-me com o sumo pontífice já com suas declarações acerca dos jovens. Em várias oportunidades, (re)afirmou que os jovens são os “artesãos do futuro”, responsáveis pela construção de um “mundo de bondade”. Para isto, os jovens devem “fazer barulho”, para que a mudança seja ouvida em todos os cantos.
As declarações de amor e de acolhimento não foram endereçadas somente aos jovens, mas também aos grupos de pessoas que foram secularmente renegadas pela Igreja Católica, por suposta contrariedade aos dogmas e textos bíblicos. Dentre estes grupos, podemos citar os homossexuais, as pessoas divorciadas, as mulheres que praticam o aborto (legal ou ilegalmente), dentre vários outros.
Segundo recente manifestação, o Papa Francisco afirmou que a Igreja não deve concentrar-se na única função de impor uma infinidade de doutrinas. Doutrinas estas que levam, por exemplo, à proibição do casamento gay, do aborto e dos métodos contraceptivos. Não propôs, por óbvio, a revisão de tais preceitos religiosos, mas a revisão de como se devem tratar as questões objeto de proibição. Com efeito, o Papa Francisco convocou a Igreja a se tornar mais acolhedora, mais compreensiva, mais humana e a se afastar da burocracia fria e dogmática.
Paradigmático foi o momento em que o sumo sacerdote declarou que os homossexuais devem ser acolhidos na casa de Deus, se efetivamente a procurarem, e que não cabe à Igreja julgá-los. Foi mais longe ainda, ao dizer que a Igreja não deve interferir espiritualmente na vida dos homossexuais. A mensagem, ressalta-se novamente, não propõe a modificação do pensamento da Igreja, mas a modificação da forma com que a Igreja deve tratar as pessoas, um agir mais humanitário, menos excludente e mais acolhedor.
Acredito, fielmente, que as mensagens de amor do Papa Francisco não pararão por aqui. Pela posição de visibilidade que ocupa, chegou a vez de este ser iluminado contribuir para a mudança do mundo e ele sabe disso. De fato, isto é o que mais me chama atenção, embora “limitado” pelo “background” dos dogmas católicos, o Papa Francisco encontra espaço para propor mudanças, extremamente bem vindas neste mundo arrogante, prepotente, preconceituoso e altamente individualista que vivemos hoje.
(Re)nasce, nas falas do Papa Francisco, a preocupação com o próximo, o culto do servir, a humanização decorrente da aceitação e do convívio com as diferenças do outro. (Re)nasce o discurso de integração e não de segregação dos povos. Não importa se todos somos diferentes, queremos a mesma coisa (ou pelo menos deveríamos querer): uma sociedade justa, igualitária, fraterna, pautada no amor e no respeito ao próximo.
E são os jovens os principais responsáveis pela construção deste futuro livre, justo, igualitário, fraterno, pautado no amor e no respeito ao próximo. E os jovens, orientados pelos ensinamentos cristãos, devem romper com essas atuais fixações segregacionistas da Igreja, tornando-a mais tolerante e acolhedora, mais divina na medida em que se torna mais humana. Não há motivos para odiar e demonizar o outro só porque este possui crenças diferentes das suas. Não estamos todos em disputa!
Não só os jovens cristãos, mas todos os jovens, que se realizem nessa mensagem de paz e amor, serão os responsáveis pela construção deste futuro. A chave é o diálogo com o amor do próximo, pelo amor ao próximo. Estamos todos conectados, basta iniciarmos a mudança que queremos ver no outro.
Para mim, as mensagens do Papa Francisco são bem claras e estão interligadas. Ele está desenhando um mapa ao mundo, um mapa para a mudança. Cada uma de suas mensagens compõe, cuidadosamente, os contornos deste mapa. Está tudo ali: a exaltação de seus principais (mas não únicos) protagonistas e a forma de se alcançá-la (extraída de suas lições de amor). Basta que saibamos conectar os pontos e isso só acontecerá com mais amor e compreensão e menos ódio e julgamento!