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Uma bela noite, uma maltrapilha Bailarina de pano conheceu um boneco de Fantoche, trocaram cordões e estofamento, amanheceram ao pé de um morro de TV e viram o sol nascer entre a desordem da alma de este e aquele. A Bailarina seguiu sua viagem com cordões presos pelos seus pulsos julgando que estaria livre por cima da montanha com chá de coca; o fantoche se libertou das amarras e foi pular a festa do adeus à carne ao lado do rio.
O que ambos não sabiam, é que eram sinas um do outro, e suas vidas se cruzariam muito mais do que fios e corpos. Suas notas musicais soavam em sonoridades da mesma frequência, quando um pensava em um lugar, o outro já estaria lá, até que nenhum povoado pudesse ser mais habitado. Os moradores indefesos de seus corações de tecido vagavam pelo sereno da noite em busca de um abraço seco ou um vinho apertado.
Eles seguiram voando em nuvens distintas, mesmo tendo vagas lembranças do que se faziam bem.
Numa manhã sem árvores, após o caos no horizonte, uma planta nasceu entre as pedras. Nem Fantoche, nem Bailarina haviam passado por lá ainda. Mas o destino zombeteiro fez com que houvesse dia de carnaval, e espalhou seus pólens para além dos rincões, como não eram imunes às alergias, embriagaram-se de perfume e luz.
O brilho foi tão intenso entre olhares, que se fez uma nova semente, era o começo de uma nova era, era de amor genuíno, de nirvana e de vida. Era carnal, de Val, de civilidade e de renovação.
Tudo o que a Bailarina escreveu em seu papel de carta, realizou-se.