O fechamento da modalidade de ensino de Educação para Jovens Adultos (EJA) nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) Neuza Brizola, no Bairro Cavalhada, foi tema de discussão na Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece). Segundo a representante da Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa), Roselena Colombo, o fechamento das EJAs na escola acarreta grandes problemas sociais e culturais para as comunidades atingidas. Roselena destacou que, para estas localidades, esta modalidade de ensino é eficaz e possui maior número de inclusão de alunos. “A EJA é a peça-chave para que alunos sem oportunidades possam concluir o ensino. Para fechar uma modalidade desse tipo, deve ser garantido que naquela comunidade haja ensino regular de qualidade, o que não acontece”, disse.
Já a SMED destacou que a decisão de fechar as EJAs nas escolas resultou de um trabalho de pesquisa de aproximadamente dois anos. “Foram realizadas pesquisas desde 2014, onde conversamos com a direção destas escolas e avaliamos os índices de frequência dos alunos, que eram baixíssimos”, relatou. Simone destacou ainda que o trabalho realizado pelos escolas municipais são de qualidade; porém, este é o fator principal para o fechamento da modalidade.
Ao ser contestada pela baixa frequência de alunos, Roselena destacou: “Lidamos com adultos que possuem outras prioridades, como o lar e o trabalho. Temos casos de alunos caminhoneiros que precisam se ausentar das aulas, mas retornam quando estão em casa. Assim acontece com donas de casa que, por motivos de doenças na família, deixam de ir nas aulas e depois voltam.” Ao finalizar, relatou que não houve diálogo entre os dois principais grupos das instituições: os alunos e professores. “Os principais sujeitos sociais deste problema não foram ouvidos, que são professores e a comunidade. E posso garantir que as opiniões não batem com as da Smed.”
O diretor da Atempa, Alexandre Wood, citou a importância da Educação para Jovens Adultos, em especial às mulheres. Segundo ele, o número de mulheres na exclusão escolar é grande e deve ser combatido. “Estamos próximos do dia 8 de março, uma data de luta das mulheres. Vale a reflexão que muitas mulheres negras não possuem acesso à escola e, no nosso país, os índices de analfabetismo só aumentam”, relatou.