A melhor coisa que se tem para fazer em New York City é flanar. Simplesmente sair por aí, sem destino, sem direção. Você acaba encontrando coisas sensacionais e encontrando pessoas que parecem terem saído de filmes. Dia desses, numa flanada sem nenhum objetivo fui parar na maior e (pelo que dizem) melhor livraria de Nova York: a Barnes and Noble. Trata-se de uma livraria de, se não me engano, cinco andares. Lá me senti no paraíso, pois tem todos os tipos de livros e, claro, de toda aquela geração que me trouxe para os Estados Unidos: Tom Wolfe, Hunter S. Thompson, Gay Talese, Bukowski, Capote, etc. Eu simplesmente queria ficar ali, morar ali: comprar um colchão, colocar em qualquer canto da loja e ir pegando livro por livro para ir flanando pelas páginas deles…
Está certo, meu inglês ainda não está 100%, mas quanto mais leio bons textos, mais tenho vontade de ler, e mais vou aprendendo, aos poucos…No fim não resisti, e pela primeira vez caí em tentação: peguei dois livros “obrigatórios” da disciplina que estou fazendo na NYU sobre jornalismo literário: Up in the Old Hotel, de Joseph Mitchell, que é uma coletânea de textos publicados por Mitchell na New Yorker em mais de 700 páginas e We Tell Ourselves Stories in Order to Live, que é a obra completa de Joan Didion, colocada em mais de mil páginas. Óbvio, o professor indicou alguns textos desses dois livros, mas a vontade que tenho ao pegá-los é de devorá-los página à página… E, além deles, não resisti e comprei o The Electric Kool-Aid Acid Test, do Tom Wolfe. O famoso livro escrito por ele sobre a geração hippie nos anos 1960. Ou seja, tenho texto suficiente para ler até quando eu voltar (e isso que estou louco para comprar mais livros!). Mas preciso me controlar…
Ainda nessa flanada, David Dinkins, em pessoa, falando sobre o livro que estava lançando… Para quem não sabe (como eu não sabia) ele foi o primeiro prefeito negro de Nova York, ficando no comando da cidade entre 1990 e 1993. Obviamente, tinham policiais dentro da livraria, e quando fui trocar a objetiva da máquina para pegar um close do ex-prefeito, espiei a cara dos policiais, que estavam me cuidando com os olhos arregalados…
Na saída da livraria, ainda fiquei um tempo vendo um pessoal dançando na Union Square. Estava aquele vento de verão, meio quente, daquele que traz chuva, e o clima estava mágico assim como foi a sensação que tive ao ver aquelas pessoas dançando num mini-castelo de concreto como se estivessem nas nuvens… Nos arredores, turistas e pessoas apressadas andando lado a lado, cada uma com a sua vida, cada uma com as suas preocupações e os seus sonhos… Fiquei olhando tudo aquilo até me dar conta que o deadline para mandar a coluna estava terminando. Então, peguei o subway e voltei pra casa…
Até a próxima flanada!