“As água vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar…” e o povo continua aos sorrisos e copos expostos enquanto o Estado Islâmico continua nos revelando espontaneamente o que podemos ser enquanto humanidade, ou melhor dizendo, desumanidade.
Este foi o Carnaval de se falar sobre a água. Nas ruas, os foliões se esforçavam em mostrar sua preocupação com a crise hídrica, mas nada conseguiram. Será que o brasileiro perdeu a malemolência e criatividade? Aliás onde está a felicidade do povo no Carnaval, foi pasteurizada? Não deu tempo de distribuir em garrafas quimicamente tratadas, sem risco de contaminação?
E as águas continuaram a rolar pela Petrobras, mas não vi falarmos sobre isso nas ruas, nas fantasias, não aguentamos tanto assim, não é mesmo? Ou será que o povo bebeu até se afogar, como diz a marchinha?
Nosso desperdício de água, crise conhecida há décadas, é mais uma das nossas mazelas… agora estão prendendo os síndicos (o que não deixa de ser uma medida) que fazem vista grossa aos arranjos para desvio de água ou coisa que o valha, expressão dita comumente no século XIX que ouso trazer à tona, afinal, estamos velhos nas crises, por que não na linguagem?
O Carnaval deste ano foi triste, formatadão, no seu volume morto! Estamos secos, com nossos índices muito abaixo do necessário. Não vi humor, não vi alegria de fato, não percebi ironias e prazeres genuinamente brasileiros.
“Você pensa que cachaça é água/Cachaça não é água não/Cachaça vem do alambique/ E água vem do ribeirão(…)”, que ribeirão, meu amigo? O ribeirão secou e a sede atravessa nossa garganta; a cachaça, sim, essa está garantida, afinal, os milhões já estavam acertados e isso não pode parar…
São muitas as sedes que nos atormentam, por isso só podemos é pedir a Allah (ih, será que podemos?): “Allah! allah! allah, meu bom allah!/Mande água pra ioiô/Mande água pra iaiá/Allah! meu bom allah(…)”.