Sabemos que necessitamos da experiência dos idosos, mas esperamos que ela venha como gostaríamos. Na verdade, ela vem como precisamos e o importante é ter sensibilidade para perceber. Quando começamos a prestar atenção em cada gesto e em cada palavra proferida por eles, percebemos que só com o passar da idade é possível ter a visão que hoje quando jovens somos incapazes de alcançar.
Mas a maturidade não vem sozinha, vem acompanhada de modificações funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam uma diminuição na capacidade de adaptação do idoso com o meio ambiente. Cada pessoa vivência essa fase da vida de uma forma e a busca por uma velhice bem-sucedida depende do equilíbrio entra as perdas e ganhos da pessoa, permitindo-lhe lidar com as limitações do envelhecimento.
Ao trabalhar diretamente com a terceira idade, eu, como farmacêutica tenho como objetivo, não só promover o uso racional do medicamento e a sua dispensação, preciso também moldar minhas funções de acordo com a realidade. E a realidade dos idosos pede que haja diálogo. Falar é importante. Conversar, citar, explicar e principalmente escutar todos os sentimentos, duvidas e pensamentos que eles exteriorizam.
E é com essa vivencia que passei a ver o quanto é importante o jovem compreender o idoso, as necessidades que as suas variadas doenças implicam e o quanto são sábias suas palavras. Passei a compreender a dificuldade que a pessoa tem para aceitar a idade e como é importante se sentir útil e não deixar que a idade seja um empecilho.
Se hoje, quando jovens, fizéssemos tudo que sabemos ser “correto” para ter uma boa saúde, envelheceríamos com maior disposição e minimizaríamos as conseqüências das doenças da “idade”. E sim, é possível o idoso administrar sua vida, dependendo o mínimo possível dos outros, criando para si mesmo um ambiente estimulante e adequado.
Espero que daqui 50 anos eu tenha a mesma vontade, saúde e determinação em viver mais e mais, assim como meu vô de 77 anos tem. “Vou viver até cento e vinte anos”, assim diz ele, e sabe o que ele faz para chegar lá? Come bem, joga bola, pinta a casa, corta a grama, cozinha, dirige, conversa, ri e vive com a alegria de quem está no começo da vida. E como ele diz: “Andressa, tanto os jovens quanto os idosos têm sabedoria, porém o primeiro a ganha por imitação e o segundo por experiência”.