Fotografia cedida por: Diego Cepeda Castillo
Nós vamos crescendo e aprendendo a superar o medo do escuro, aquele que nos faz correr em meio ao corredor sem luz, vai aprendendo que ficar em casa sozinha não é o bicho de sete cabeças, e depois de adulta, entende que a solidão, muitas vezes, é indispensável para nossa reflexão interna.
Aprende que escalar a montanha traz uma satisfação gigante, que descer em uma corredeira rio abaixo é gratificante, aprende que atravessar aquela ponte entre um rio turbulento e o destino final de terra firme é impreterível.
Aprende que com pouca emoção é entediante, que sair de casa é primordial, e quanto antes melhor, para que percamos o medo de nós mesmos, daquele misticismo que não conseguimos fazer nada sem nossos pais, que já somos capazes de nos virar sozinhos quando o gás acaba, quando o chuveiro estraga ou quando a pia entope.
Superamos a fobia de sermos tímidos demais, de não conseguir interagir socialmente, nos espelhamos no outro e percebemos que ele tem tantos medos ocultados quanto nós.
Deparamo-nos com o amedrontamento da vida e seguimos em frente, esbarramos algumas vezes com o pavor da morte e somos escoltados por ela o tempo todo, porque o medo de ficarmos sozinhos em um momento derradeiro é gigantesco. É tanto medo e superação, que às vezes nem o coração aguenta, e se faz ponte até de safena.
Ser mulher e ter pânico de andar na rua, viajar, de sair de noite, tantos acontecimentos diários que acabamos deixando de fazer muitas coisas e constituímos um medo recorrente; medo de ser mãe, medo de errar como filha, medo de ser péssima irmã e amiga, medo de ser namorada, esposa ou amante, medo de amar demais e sofrer, medo de não conseguir amar tanto quanto a outra pessoa demonstra que te ama. Medo de não ser vista, ouvida ou percebida na vida. Medo da crença, da crítica e da indecisão. Medo de ter muita atitude, medo de perder uma oportunidade.
Tantos medos que nos ligam de ponte em ponte. De superação a superação. Que nos fazem ainda mais fortes.